Peugeot 206 1.0 16v: Normalmente antes de começar a escrever sobre carros usados, pesquiso em vários sites de revistas especializadas e em sites de vendas de carros usados sobre o carro em questão. Após, faço um test drive no modelo escolhido para passar uma posição imparcial aos leitores do blog.
Hoje não farei isso, contarei minhas experiências vividas ao longo dos 18 meses em que eu fui proprietário de um Peugeot 206.
Daí, vocês tiram suas próprias conclusões sobre o Peugeot 206, combinado?
Sei que muitos vão me xingar e dizer que estou maluco ou qualquer outra coisa.
Mesmo assim, irei contar (um desabafo) minhas experiências.
Peugeot 206 1.0 16v: visão do proprietário
Depois de alguns meses dirigindo meu antigo modelo popular, resolvi que havia chegado a hora de trocar de carro.
Eu poderia ter escolhido qualquer outro carro disponível no gigantesco mercado de carros usados com motor 1.0.
Porém, quando me encanto por um modelo, fico cego e dificilmente mudo minha opção por pior que ela seja. Normal para pessoas que são apaixonadas por carros.
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Mesmo lendo muitas críticas sobre o Peugeot 206, resolvi desta vez, ouvir o coração.
O Peugeot 206, foi lançado no Brasil em março de 1999, como importado e desde então, por muitos anos sonhei em comprar um, mas queria o de fabricação nacional.
O que me convenceu a comprá-lo foi o nível de equipamentos aliado ao preço convidativo.
Além, de ter agido emocionalmente.
Depois de algumas semanas de procura, achei um que fez meu coração bater mais forte.
Era um Peugeot 206 1.0 16v Selection de três portas na cor branca 2003, com calotinhas originais, um amassadinhos originados por batida de portas lateral e com pintura quase toda original.
Lembro que me senti muito feliz com a aquisição do veículo, era um carro muito bonito e cheio de mimos que meu carro anterior não tinha.
O carro realmente era muito bom.
Com visual ainda atual para a época, recheado de equipamentos como vidros e travas elétricas, abertura das portas a distância, desembaçador dos espelhos retrovisores externos, temporizador automático do limpador de para-brisa, um mini check control com algumas informações básicas como porta abertas, temperatura externa, data e hora, faróis com regulagem de altura, entre outros equipamentos.
E o Motor do Peugeot 206 1.0 16v ?
Sempre achei o motor de origem Renault de 999 centímetros cúbicos, 16 válvulas e 70 cavalos de potência, que equipava o meu Peugeot 206, com um desempenho bem aceitável.
Outra coisa que sempre me chamou atenção no desempenho foi o fato de, ao ligar o ar condicionado, o carro não sofrer tanto quanto outros 1.0.
O gasto de gasolina foi considerado dentro do esperado, com médias de 10 km/l andando no trânsito pesado da capital paranaense, lembro também ter alcançado quase 16 km/l na estrada, e olha que não sou do tipo de condutor que troca as marchas pensando em privilegiar o consumo.
Câmbio
Os engates do câmbio de cinco marchas, nunca me agradaram muito, eles eram secos e quase imprecisos.
Conforto entregue pelo Peugeot 206 1.0 16v
A vida a bordo é boa, com um bom espaço na dianteira. Porém, o estofamento dos bancos poderia ser mais macio.
O ar condicionado sempre se mostrou muito eficiente, refrigerando rapidamente e mantendo bem a temperatura mesmo com o carro parado em engarrafamentos.
Com boa posição para dirigir e com comandos bem a mão a ergonomia Peugeot 206 está em dia.
Os alto falantes originais, são ruins, só permitem ouvir músicas no volume médio, caso contrário eles acabam distorcendo muito.
A segurança no modelo em questão foi esquecida. Ele não contava com air bag e abs.
Além disso, o ocupante do meio do banco traseiro não dispõe de cinto de três pontas e nem apoio de cabeça.
As pessoas que vão atrás com certeza sofrem por falta de espaço, impedindo levar alguém atrás do banco com conforto.
Ter optado por um modelo de duas portas foi decepcionante, a ausência das portas traseiras me deixava constrangido pela falta de comodidade ao levar caronas.
Estável, não assusta nas curvas feitas dentro dos limites do carro.
Na versão Selection, a direção hidráulica não era disponível nem como opcional e ela fazia muita falta na hora de manobrar.
Até aqui o saldo foi positivo. O leitor deve estar perguntando se o carro é tão bom, qual motivo para não colocar um na garagem?
Eu respondo agora:
Simplesmente por ter manutenção muito cara para um carro nacional 1.0.
Quando o sonho vira pesadelo:
Logo que comprei o carro, levei ele num mecânico para revisá-lo e trocar o que fosse necessário para eu não ter dor de cabeça.
Após três meses de convivência, que é também o tempo em que se expira a garantia dada para carros usados, o meu pesadelo iniciou.
O carro de única dona e baixa quilometragem bem conservado, que optei comprar, começou a mostrar vários motivos para eu me arrepender da aquisição.
O motor começou a falhar e até morrer, imaginei que era necessário trocar o cabo de velas.
Até aí tudo bem, até que descobri que a substituição era uma pequena fortuna.
O motivo para os cabos serem mais caros que o normal, se deve ao fato deles serem blindados junto a bobina.
Mais quatro meses se passaram, e o carro novamente voltou a apresentar engasgos e falhas.
Guinchado levei novamente o meu belo carro para a oficina e descobri que a garantia da peça havia acabado, então desembolsei mais uma grana para a solucionar o problema.
Após isso o motor começou a trepidar como se fosse cair, sendo necessário trocar o coxim superior do motor.
Depois vieram barulhos na suspensão, então foram trocados o par bieletas.
Trava elétrica parou de funcionar.
Rangidos no freio levaram a substituição das pastilhas e do disco.
Muitos outros pequenos problemas apareceram durante nosso relacionamento, até que a embreagem começou a ficar pesada e trepidar, provavelmente por mal uso da antiga proprietária o que diminui a vida útil do conjunto.
O momento em que comecei a pensar em vender o Peugeot
Numa viagem de um pouco mais de 800 quilômetros, tudo parecia estar bem, até sairmos de uma praça de pedágio.
Ao arrancar a luz do óleo acendeu, e a palavra STOP em vermelho no centro do painel começou a piscar por alguns segundos.
Sempre fiz as trocas de óleo em concessionárias, respeitando o limite de tempo e quilometragem indicados pelo manual do proprietário.
Só não podia prever como a antiga proprietária tratou o carro, pois o livreto de manutenções indicava que apenas as primeiras revisões foram feitas na autorizada Peugeot.
Depois de inúmeros e constantes problemas e pouco mais de 100 mil quilômetros rodados, esse último “aviso” me fez decidir passá-lo adiante.
Por tudo isso, listei 5 motivos para você pensar bem antes de decidir comprar um Peugeot 206 usado:
- Preço das peças de reposição;
- Problemas de acabamento causando vários rangidos;
- Alto índice de desvalorização;
- Suspensão frágil;
- Inúmeras paradas para manutenção corretiva.
O Peugeot 206 sempre foi muito bom no mercado de carros usados, mas aos poucos isso vem mudando.
Minha avó sempre usava um ditado que dizia: “Se conselho fosse bom não se dava” é exatamente isso que estou fazendo. Aconselhando não comprar.
É óbvio que só porque passei por esses inconvenientes, isso quer dizer que você também passará.
Então é errado afirmar que o 206 é uma péssima compra?
É provável que o seu carro também possa apresentar os mesmos problemas.
Na verdade um dos meus maiores erros na compra do Peugeot, foi ter optado por um carro que não tinha realizado todas as revisões obrigatórias conforme prescrição do fabricante.
Carros necessitam de manutenção preventiva para não incomodar.
Assim como tive problemas com o 206, poderia ter enfrentado com qualquer outro carro. Porém, no Peugeot o valor das peças e serviços é muito alto para um carro 1.0 que é considerado popular.
Mas é errando que se aprende.
Apesar de tantas decepções foi divertido ter um 206, até hoje ainda acho muito bonito, considero o design seu ponto forte.
Se você quer ter um 206, procure um com manutenções em dia para diminuir a possibilidade de incômodos, o carro é bom, mas muito frágil. Então, pesquise muito bem antes de finalizar a compra.
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Boa sorte e boa compra!
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