Adeus Kombi, sentiremos saudades

O nome Kombi é uma abreviação da palavra Kombinationsfahrzeug, traduzindo esse palavrão do alemão para o português quer dizer: veículo combinado.

Como o final do ano se aproximando eu não poderia deixar de fazer uma pequena homenagem para um carro que muitos brasileiros amam e que me proporcionou momentos simples, mas de pura felicidade.

Por muitos anos me perguntei:

Por que a Volkswagen não moderniza a Kombi?

Para responder minha própria indagação usarei uma frase bem clichê:

Em time que está ganhando não se mexe.

Tenho certeza que era assim que a VW do Brasil pensava, por isso ela passou praticamente a vida inteira sem grandes alterações.

Fato é que depois de 56 anos em produção, o fim da amada perua da Volks está com os dias contados e certamente ela deixará saudades.

Desculpe-me os apaixonados pela Kombi, mas quando penso em conforto e tecnologia acho que ela já vai tarde.

kombi 56 anos

No final da década de 40 um holandês teve a brilhante ideia de desenhar um utilitário usando o chassi de um VW Fusca, ideia simples e prática que deu muito certo, prova disso é que ela se mantém em produção até os dias de hoje, e se fosse a nova lei do governo ela continuaria ainda entre nós por inúmeros anos.

Curiosamente o primeiro automóvel produzido pela VW em São Bernardo do Campo no ano de 1957 foi uma Kombi.

A mecânica confiável do Fusca fez da Kombi um sucesso, pois além de ter manutenção simples o carro era valente e prático.

Várias versões foram fabricadas para atender as mais diferentes necessidades:

  • Furgão
  • Van de passageiros
  • Picape e até uma picape cabine dupla.

Depois da primeira grande alteração visual o carro mudou muito pouco, só como exemplo o para-brisa da van Volkswagen é o mesmo desde 1976. Em 1997 mudaram o teto que ficou mais alto e porta lateral que passou a ser corrediça.

Kombi-carroceria

Já em 2006 foi a vez do propulsor, confesso que comemorei essa mudança, pois eu a esperava desde os anos 80 e para minha alegria em 2006 a VW finalmente substitui o velho motor 1.600 a ar por um 1.4 refrigerado a água, é verdade que entre 1981 3 1985 tivemos a disposição um motor também refrigerado a água, mas ele era movido a diesel, lembro-me que essa motorização enfrentou alguns problemas e talvez por isso tenha tido vida tão curta, realmente agora não me recordo exatamente da história desse motor, outro dia pesquiso sobre e posto aqui no blog.

Ao longo da minha vida tive várias oportunidades para dirigir a velha Kombi, conduzi várias diferentes novas e velhas, mas todas tinham algo em comum: uma enorme folga na direção. A suspensão molenga e a altura do veículo transmitem muita insegurança nas curvas.

kombi-cabine-dupla

A mais recente que dirigi foi uma 2012 0 km que fui buscar numa locadora para uso no meu trabalho. O motorzinho 1.4 de 80 cavalos até que puxa bem o carro, mas também não entrega um desempenho surpreendente.

A posição de dirigir a Kombi é horrível, pior ainda é o fato de que literalmente você precisa pisar na embreagem, algo no mínimo esquisito.

É fato que apesar de ser ruim de guiar, ter um câmbio com péssimos engates e não entregar nenhum prazer ao dirigir, o carro vende muito bem e o melhor se vende sozinho.

O que fez da Kombi sucesso em vendas por tantos anos consecutivos certamente além da praticidade tem uma parcela de saudosismo. Isso mesmo, muitas pessoas cresceram financeiramente utilizando uma Kombi, além disso, outras têm histórias felizes e marcantes e talvez isso explique por qual motivo ela nunca saiu de moda mesmo não tendo um visual atraente e nem muito menos ser recheada de equipamentos.

Pensando em recordações boas, lembro-me de uma que quero compartilhar com vocês.

Quando éramos crianças eu e o Pedro passeávamos em dias de verão sobre a carroceria de madeira de uma velha Kombi dirigida pelo pai do Pedro. Lembro que nos divertíamos muito com o vento em nossos cabelos. Naquela época a lei não era tão rigorosa e nos permitia boas experiências como essas.

Infelizmente ou felizmente não sei ao certo, dessa vez a Kombi realmente vai ter que sair de cena, já que a VW não quis ou não conseguiu equipar a respeitada idosa com freios abs e air bag. É por esse motivo que a VW nos deixará órfãos. Pior ainda é que a fabricante não tem sequer uma substituta para a sua velha guerreira, missão que seria quase impossível para um carrinho qualquer.

Para fechar com chave de ouro a VW lançou a última série limitada a 1.200 unidades e batizada como Last Edition, versão com alguns mimos como cortinas, rádio com bluetooth, forração especial dos bancos em vinil e uma plaqueta enumerada.

Externamente além do adesivo com o número 56 lembrando a quantidade de anos que ela seguiu em produção, calotas brancas, o que mais chama a atenção é a pintura em duas cores tipo saia e blusa.

Mesmo eu achando que a perua da VW é muito ultrapassada e que já passou da hora de ter sido melhorada não posso mentir e dizer que está tudo bem, realmente ela deixará um enorme vazio em nossos corações e no mercado muito difícil ou até impossível de se preencher.

Acho que a VW deveria ter investido mais em sua van e ter transformando-a em um carro moderno, bem equipado e seguro, características que fariam dela um sucesso de vendas ainda maior e que não obrigariam a VW a encerrar sua produção agora.

Sempre fico muito triste quando um carro deixa de ser fabricado e com a Kombi não será diferente.

É isso que tenho a comentar, agora realmente me faltaram palavras para continuar.

Descanse em paz minha querida Kombi, nós continuaremos amando-te eternamente, adeus sentiremos saudades.

Boa sorte e até a próxima pessoal.


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